sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Brigadas Populares defendem o voto nulo em Florianópolis


ELSON, AFRÂNIO E LINO, UMA VITÓRIA PARA CIDADE!

Desde o início colocamos que as três principais candidaturas pouco avançavam em um projeto de cidade que rompesse com o interesse do Capital Imobiliário. O rebaixamento da campanha de Ângela Albino, a ponto de apoiar Gean Loureiro nesse segundo turno, demonstrou com quem sua campanha e seu partido estão realmente comprometidos. Porém, o rechaço ao mais do mesmo foi um fato notável: 23% da população disseram NÃO à política tradicional, 10% se negaram a participar do processo eleitoral e 15% escolheram Elson, afirmando que a população quer um novo projeto de cidade.

Isso gera um desafio para a esquerda da cidade. Apesar de um bom resultado nas urnas, o crescimento do PSOL não expressa organização popular. Percebemos isso pelo seu desempenho na eleição de vereadores, na qual, dos 35 mil votos do Elson, apenas 12 mil reverteram para o seu partido. Considerando a baixa votação dos demais partidos de oposição, é provável que diversas pessoas votaram 50 em protesto para prefeito e elegeram a direita para vereador. Apesar disso, o desempenho do PSOL foi extremamente importante para os setores populares, pois apresentou uma alternativa à esquerda para a cidade. Precisamos agora transformar a indignação em movimentação por mudança.

Para potencializar essa ação, tivemos duas grandes vitórias na câmara de vereador. A eleição dos vereadores Lino Peres e Afrânio Boppré abre um espaço vital para que a esquerda da cidade possa intervir na câmara de vereadores. A eleição de Lino Peres merece destaque, pois demonstrou que um trabalho coerente junto aos movimentos populares tem a capacidade de enfrentar a máquina partidária. O candidato do PT financiado pela prefeitura, Márcio de Souza, recebeu apenas 1276 votos, enquanto Lino, com uma campanha independente, fez 2174. Essa aceitação é fruto do trabalho de diversos militantes, nos quais nos incluímos, que apostaram que o povo não é burro e, ao contrário do que muitos diziam, escolheriam por quem demonstrou estar do seu lado no dia a dia.

É imprescindível que os movimentos populares reivindiquem esses mandatos, criem ferramentas de diálogo sistemático com esses poderes. É necessário que esses dois vereadores constituam uma Frente Parlamentar de Esquerda, que sirva de espaço para unir os diversos setores sociais que lutam por uma cidade diferente.

É importante ressaltar que, apesar dessa vitória, a eleição na câmara dos vereadores demonstrou que a esquerda ainda não conseguiu se afirmar como resposta à negação do projeto de cidade das oligarquias. Apesar da votação expressiva no Elson, o PSOL recebeu poucos votos. Mesmo com a pretensa “esquerda” tradicional ficando em terceiro colocado, a coligação de Ângela Albino só conseguiu eleger 3 vereadores, sendo um deles representante da Igreja Universal. Os “comunistas” do PC do B precisarão rezar para ter seus interesses atendidos e os setores populares enfrentarão uma câmara ainda mais reacionária. Apesar da não eleição de alguns bandidos, como Jaime Tonello, João da Bega e Norberto, 20 vereadores são ligados aos setores conservadores.  A Câmara aumentou, nessas eleições, de 16 para 23 cadeiras e não houve aumento proporcional para a esquerda. Conseguimos 2 aliados na câmara, porém teremos mais 7 inimigos.

O MITO DA INVIABILIZAÇÃO DA “ÚNICA CANDIDATURA DE ESQUERDA”

Rechaçamos qualquer afirmação ou insinuação de que nos unimos ao grupo que inviabilizou a única “candidatura de esquerda da disputa”, como alguns têm se referido à Ângela Albino, do PC do B. Em primeiro lugar, isso não é verdade porque sua candidatura não foi de esquerda, não tinha um projeto de cidade de esquerda e, portanto, não era digna de nosso esforço de campanha nem do nosso voto.

Não foi de esquerda porque, coerente ao seu partido, tinha um projeto desenvolvimentista para a cidade. Ou seja, o PC do B defendeu claramente uma cidade para ricos, que os setores de tecnologia, do turismo e as construtoras crescessem, desde que os pobres tenham um ou outro ganho. Sua campanha foi tão próxima dos interesses da nova elite ligada à construção civil quanto os outros dois candidatos que continuam na disputa eleitoral.

É importante lembrar que, apesar da falência de Ângela, havia em sua coligação bravos lutadores populares que se candidataram pela sua coligação. A estratégia de Ângela gerou recuos para a esquerda na câmara, pois se o PC do B não tivesse se aliado com os partidos ligados à igrejas evangélicas, seria possível eleger mais uma aliada do movimento popular, a candidata e militante Beatriz (PC do B), em vez do bispo Jerônimo Alves (PRB).

SEGUNDO TURNO

As Brigadas Populares, junto a outros setores da esquerda de Florianópolis, defendem e incentivam o Voto Nulo neste segundo turno das eleições municipais, consciente de que essa opção política não permite alterar o cenário eleitoral que está dado. O motivo dessa decisão é simples: não há diferença entre as duas candidaturas que estão colocadas.

O primeiro candidato, apoiado pela situação, é Gean Loureiro (PMDB), afilhado político do prefeito e segundo em comando na Prefeitura. Sua trajetória política e sua campanha indicam que seu governo será uma continuidade do projeto que vem sendo construído por Dário Berger nos últimos oito anos. Este grupo político representa a nova direita, que atua muito mais na lógica dos negócios do que ideologicamente, ou seja, o objetivo de conquistar o poder da cidade é usá-la como instrumento para enriquecimento pessoal e o crescimento de suas empresas e de parceiros.

A segunda opção é formada por uma dupla de representantes jovens da velha política de direita que domina o cenário estadual há algumas décadas. O candidato a prefeito é César Souza Júnior (PSD), filho de um dos mais populares apresentadores de televisão local. Ele iniciou sua carreira política no PFL (posterior DEM), e é defensor do projeto de cidade que defende uma Florianópolis com mais turismo de luxo e grandes empreendimentos.         

Logo, é evidente que esse segundo turno não nos interessa. Nossos sonhos não cabem nas urnas e sempre tivemos claro que a mudança vem do povo organizado e não das eleições. Avançamos a participação do processo eleitoral, mas agora é colocar o bloco na rua e construir uma alternativa de esquerda para a cidade! Rumo ao poder popular!

Pátria livre! Venceremos!

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