ELSON, AFRÂNIO E LINO, UMA VITÓRIA PARA
CIDADE!
Desde o início
colocamos que as três principais candidaturas pouco avançavam em um projeto de
cidade que rompesse com o interesse do Capital Imobiliário. O rebaixamento da
campanha de Ângela Albino, a ponto de apoiar Gean Loureiro nesse segundo turno,
demonstrou com quem sua campanha e seu partido estão realmente comprometidos.
Porém, o rechaço ao mais do mesmo foi um fato notável: 23% da população
disseram NÃO à política tradicional, 10% se negaram a participar do processo
eleitoral e 15% escolheram Elson, afirmando que a população quer um novo projeto
de cidade.
Isso gera um desafio
para a esquerda da cidade. Apesar de um bom resultado nas urnas, o crescimento
do PSOL não expressa organização popular. Percebemos isso pelo seu desempenho
na eleição de vereadores, na qual, dos 35 mil votos do Elson, apenas 12 mil
reverteram para o seu partido. Considerando a baixa votação dos demais partidos
de oposição, é provável que diversas pessoas votaram 50 em protesto para
prefeito e elegeram a direita para vereador. Apesar disso, o desempenho do PSOL
foi extremamente importante para os setores populares, pois apresentou uma
alternativa à esquerda para a cidade. Precisamos agora transformar a indignação
em movimentação por mudança.
Para
potencializar essa ação, tivemos duas grandes vitórias na câmara de vereador. A
eleição dos vereadores Lino Peres e Afrânio Boppré abre um espaço vital para
que a esquerda da cidade possa intervir na câmara de vereadores. A eleição de
Lino Peres merece destaque, pois demonstrou que um trabalho coerente junto aos
movimentos populares tem a capacidade de enfrentar a máquina partidária. O
candidato do PT financiado pela prefeitura, Márcio de Souza, recebeu apenas
1276 votos, enquanto Lino, com uma campanha independente, fez 2174. Essa
aceitação é fruto do trabalho de diversos militantes, nos quais nos incluímos,
que apostaram que o povo não é burro e, ao contrário do que muitos diziam,
escolheriam por quem demonstrou estar do seu lado no dia a dia.
É imprescindível
que os movimentos populares reivindiquem esses mandatos, criem ferramentas de
diálogo sistemático com esses poderes. É necessário que esses dois vereadores
constituam uma Frente Parlamentar de Esquerda, que sirva de espaço para unir os
diversos setores sociais que lutam por uma cidade diferente.
É importante
ressaltar que, apesar dessa vitória, a eleição na câmara dos vereadores
demonstrou que a esquerda ainda não conseguiu se afirmar como resposta à
negação do projeto de cidade das oligarquias. Apesar da votação expressiva no
Elson, o PSOL recebeu poucos votos. Mesmo com a pretensa “esquerda” tradicional
ficando em terceiro colocado, a coligação de Ângela Albino só conseguiu eleger
3 vereadores, sendo um deles representante da Igreja Universal. Os “comunistas”
do PC do B precisarão rezar para ter seus interesses atendidos e os setores
populares enfrentarão uma câmara ainda mais reacionária. Apesar da não eleição
de alguns bandidos, como Jaime Tonello, João da Bega e Norberto, 20 vereadores
são ligados aos setores conservadores. A
Câmara aumentou, nessas eleições, de 16 para 23 cadeiras e não houve aumento
proporcional para a esquerda. Conseguimos 2 aliados na câmara, porém teremos
mais 7 inimigos.
O MITO DA INVIABILIZAÇÃO DA “ÚNICA
CANDIDATURA DE ESQUERDA”
Rechaçamos qualquer afirmação ou insinuação
de que nos unimos ao grupo que inviabilizou a única “candidatura de esquerda da
disputa”, como alguns têm se referido à Ângela Albino, do PC do B. Em primeiro
lugar, isso não é verdade porque sua candidatura não foi de esquerda, não tinha
um projeto de cidade de esquerda e, portanto, não era digna de nosso esforço de
campanha nem do nosso voto.
Não foi de esquerda porque, coerente ao seu
partido, tinha um projeto desenvolvimentista para a cidade. Ou seja, o PC do B
defendeu claramente uma cidade para ricos, que os setores de tecnologia, do
turismo e as construtoras crescessem, desde que os pobres tenham um ou outro
ganho. Sua campanha foi tão próxima dos interesses da nova elite ligada à
construção civil quanto os outros dois candidatos que continuam na disputa
eleitoral.
É importante lembrar que, apesar da
falência de Ângela, havia em sua coligação bravos lutadores populares que se
candidataram pela sua coligação. A estratégia de Ângela gerou recuos para a
esquerda na câmara, pois se o PC do B não tivesse se aliado com os partidos
ligados à igrejas evangélicas, seria possível eleger mais uma aliada do
movimento popular, a candidata e militante Beatriz (PC do B), em vez do bispo
Jerônimo Alves (PRB).
SEGUNDO TURNO
As Brigadas Populares, junto a outros
setores da esquerda de Florianópolis, defendem e incentivam o Voto Nulo neste
segundo turno das eleições municipais, consciente de que essa opção política
não permite alterar o cenário eleitoral que está dado. O motivo dessa decisão é
simples: não há diferença entre as duas candidaturas que estão colocadas.
O primeiro candidato, apoiado pela
situação, é Gean Loureiro (PMDB), afilhado político do prefeito e segundo em
comando na Prefeitura. Sua trajetória política e sua campanha indicam que seu
governo será uma continuidade do projeto que vem sendo construído por Dário
Berger nos últimos oito anos. Este grupo político representa a nova direita,
que atua muito mais na lógica dos negócios do que ideologicamente, ou seja, o
objetivo de conquistar o poder da cidade é usá-la como instrumento para
enriquecimento pessoal e o crescimento de suas empresas e de parceiros.
A segunda opção é formada por uma dupla de
representantes jovens da velha política de direita que domina o cenário
estadual há algumas décadas. O candidato a prefeito é César Souza Júnior (PSD),
filho de um dos mais populares apresentadores de televisão local. Ele iniciou
sua carreira política no PFL (posterior DEM), e é defensor do projeto de cidade
que defende uma Florianópolis com mais turismo de luxo e grandes
empreendimentos.
Logo, é evidente que esse segundo turno não
nos interessa. Nossos sonhos não cabem nas urnas e sempre tivemos claro que a
mudança vem do povo organizado e não das eleições. Avançamos a participação do
processo eleitoral, mas agora é colocar o bloco na rua e construir uma
alternativa de esquerda para a cidade! Rumo ao poder popular!
Pátria livre! Venceremos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário