Terminou a operação pente fino. Aos poucos, parece que a poeira abaixa em Florianópolis e o clima de normalidade passa a ser construído dentro da mídia: novas apreensões, cursos de alfabetização sendo montados para mulheres presas e poucos conflitos dentro das cadeias. O Estado começa a dar conta da paz pública, finalmente. Em contrapartida, o inquérito levantado em dezembro do ano passado e suas recomendações, bem como os levantados em Joinville parecem ganhar pouco ou nenhum espaço. Para a prevenção contra o crime, de forma que se possa precaver assaltos e violência, câmeras de alta vigilância são instaladas em Blumenau. Ao mesmo tempo, um juiz pede desculpas em nome do Estado pela morte de uma menina de 11 anos causada por uma operação de pacificação que tinha a pretensão de terminar com as milícias armadas.
O debate sobre a segurança pública e o sistema prisional continua acontecendo dentro das coordenadas colocadas pelo governo: aprimorar o aparato policial e as cadeias. O foco mantém-se em mais vigilância na comunidade, mais polícia, mais operações e mais pessoas presas para garantir a “normalidade”. Não vemos discussões e reflexões que nos mostrem por quê surge o crime organizado e o papel direto do Estado no agravamento deste. O que recebemos destes veículos de comunicação em massa são respostas simples e pragmáticas para os problemas de Santa Catarina. Se a criminalidade está em alta, mais câmeras. Mas ter seus direito e também uma vida digna sequer é citado. É mais fácil e há mais incentivo para que se entre na agenda das prefeituras construir presídios do que efetivar políticas públicas de educação e saúde, por exemplo. No fim das contas, quem acaba pagando por tudo isso é o povo trabalhador, que recebe todos os respingos de uma política penitenciária e de segurança pública falida: perdem seus filhos para operações policiais, são violentados dentro de sua comunidade e morrem em conflitos uns contra os outros tentando deter algo que a cada corpo que cai ou é torturado só tende a aumentar. O governo lava as mãos diante desta tragédia cotidiana, que de tão comum parece em alguns momentos ter se tornado banal. Reafirma cada vez mais seu projeto quando se exime de punir àqueles que promovem a violência dentro das penitenciárias ou quando ignora aclamações de movimentos sociais contra a criminalização e o encarceramento em massa.
Quem vive diretamente a dinâmica da segurança pública sabe, por outro lado, que a poeira não baixou. Sabe, também, que ela cedo ou tarde vai voltar a subir, pois entende que as soluções que vêm sendo utilizadas já se mostram há muito tempo viciadas, focadas em soluções que não só deixam de resolver como também criam, todos os dias, mais problemas, que virão à tona novamente e possivelmente mais fortes. Da nossa parte, jamais deixaremos que impere a mentira do apaziguamento da situação pois nossos problemas não foram resolvidos e não têm sido trabalhados de forma que adentrem em suas raízes. Não podemos mais esperar que venham de cima soluções para a questão da segurança pública. Para que exista uma discussão séria a respeito das políticas prisionais cabe a nós, trabalhadores, pensarmos e expormos coletivamente nossa insatisfação; criarmos sugestões com a maturidade de só quem sofre com isto pode deter.
Por uma sociedade sem prisões!Frente Antiprisional das Brigadas Populares de Santa Catarina
O debate sobre a segurança pública e o sistema prisional continua acontecendo dentro das coordenadas colocadas pelo governo: aprimorar o aparato policial e as cadeias. O foco mantém-se em mais vigilância na comunidade, mais polícia, mais operações e mais pessoas presas para garantir a “normalidade”. Não vemos discussões e reflexões que nos mostrem por quê surge o crime organizado e o papel direto do Estado no agravamento deste. O que recebemos destes veículos de comunicação em massa são respostas simples e pragmáticas para os problemas de Santa Catarina. Se a criminalidade está em alta, mais câmeras. Mas ter seus direito e também uma vida digna sequer é citado. É mais fácil e há mais incentivo para que se entre na agenda das prefeituras construir presídios do que efetivar políticas públicas de educação e saúde, por exemplo. No fim das contas, quem acaba pagando por tudo isso é o povo trabalhador, que recebe todos os respingos de uma política penitenciária e de segurança pública falida: perdem seus filhos para operações policiais, são violentados dentro de sua comunidade e morrem em conflitos uns contra os outros tentando deter algo que a cada corpo que cai ou é torturado só tende a aumentar. O governo lava as mãos diante desta tragédia cotidiana, que de tão comum parece em alguns momentos ter se tornado banal. Reafirma cada vez mais seu projeto quando se exime de punir àqueles que promovem a violência dentro das penitenciárias ou quando ignora aclamações de movimentos sociais contra a criminalização e o encarceramento em massa.
Quem vive diretamente a dinâmica da segurança pública sabe, por outro lado, que a poeira não baixou. Sabe, também, que ela cedo ou tarde vai voltar a subir, pois entende que as soluções que vêm sendo utilizadas já se mostram há muito tempo viciadas, focadas em soluções que não só deixam de resolver como também criam, todos os dias, mais problemas, que virão à tona novamente e possivelmente mais fortes. Da nossa parte, jamais deixaremos que impere a mentira do apaziguamento da situação pois nossos problemas não foram resolvidos e não têm sido trabalhados de forma que adentrem em suas raízes. Não podemos mais esperar que venham de cima soluções para a questão da segurança pública. Para que exista uma discussão séria a respeito das políticas prisionais cabe a nós, trabalhadores, pensarmos e expormos coletivamente nossa insatisfação; criarmos sugestões com a maturidade de só quem sofre com isto pode deter.
Por uma sociedade sem prisões!Frente Antiprisional das Brigadas Populares de Santa Catarina
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